quarta-feira, 24 de junho de 2009

Que tal acabarmos de vez com essa tal de Rouanet?

Pois é, lá vou mais uma vez falar sobre grana publica mal utilizada: (veja aqui a anterior) desta vez envolvendo ninguém menos que o "sábio guru" Caetano Veloso:

"O Ministério da Cultura voltou atrás e autorizou os produtores do músico baiano Caetano Veloso a usar os benefícios fiscais da Lei Rouanet para bancar os shows de divulgação de seu último CD, o "Zii e Zie". A decisão foi publicada no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (22), assinada pelo secretário-executivo adjunto do ministério, Gustavo Carneiro Vidigal Cavalcanti.

A decisão encerra, a favor dos produtores de Caetano, uma polêmica que já dura um mês. No dia 21 de maio passado, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que analisa os projetos aspirantes ao benefício da Lei Rouanet, decidiu que o "Tour Caetano Veloso", no valor de
R$ 2 milhões, não precisava de incentivo por ser comercialmente viável.

A decisão da CNIC foi revelada pela Folha, assim como a pressão da ex-mulher e empresária de Caetano, Paula Lavigne, para que o ministro da Cultura, Juca Ferreira, revisse a decisão e
autorizasse o uso de dinheiro público, via renúncia fiscal das empresas patrocinadoras, para divulgar o show.

Em entrevista à Folha no último dia 12, Ferreira sinalizou que a decisão seria reformada, mas negou que Paula Lavigne o tivesse pressionado. "Ela não fez nenhum sauê, apenas ligou para mim e perguntou qual critério tinha sido utilizado para Caetano, que ela não percebia que tinha sido usado para outras pessoas."

Na ocasião, Juca disse à Folha que
a Lei Rouanet não tem nenhum critério estabelecendo que os artistas bem-sucedidos não podem ter seus projetos aprovados. "No ano passado, quando eu intervim para aprovar o show da Maria Bethânia [a CNIC também tinha negado acesso da cantora à Rouanet], já tínhamos aprovado projetos da Ivete Sangalo, artista mais bem-sucedida comercialmente em todos os tempos. Não podemos sair discricionariamente decidindo, sem critérios."

A CNIC é um órgão colegiado que pertence ao Ministério da Cultura.
O ministro pode, a seu critério, rever as decisões da comissão. O ministério informou, no entanto, que a decisão publicada ontem no "Diário Oficial" não foi do ministro, mas uma revisão da própria CNIC, à luz do compromisso dos produtores de Caetano de baratear os ingressos."

Pois é... já disse aqui mas vou repetir: Sabem, antes até que era legal, você decidia ser artista e montava uma banda, pintava um quadro, inventava uma peça ou até mesmo ficava pelas praças com os vagabundos filosofando e se funcionasse você e a sua banda ou trupe até poderiam ganhar algum dinheiro, conhecer umas meninas, ir na TV... essas coisas de artistas, mas se você não tivesse a mesma sorte que gente como a Vanessa da Mata e o Caetano Veloso teve você podia mandar um projeto para uma lei de incentivo fiscal e ficar mamando nas tetas do contribuinte, pois como diz uma amigo meu: "já que tão dando..."

Mas isso é apenas a ponta do icebergue...

O que rola é uma falta de ética generalizada, quase todos estes grupos de rock brasileiro, através de suas gravadoras e produtores, entre eles Titãs, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão, Pyti, Jota Quest, etc e etc e etc, provenientes dos anos 80 e 90 adentrando os 2000, utilizam da mesma estratégia, por exemplo, no Ceará Music onde a grana aportada é imensa, ainda cobram ingressos caríssimos, tudo isto é lucro extra e só quem se apresenta são grupos de rock pop indicado por gravadoras.

Quando convidam artistas locais as condições são ínfimas e os jogam num tal de palco alternativo chamado de Nativos (bem que poderiam escancarar e chamar de Senzala), nos quintais do evento onde ninguém vai ver ou prestigiar.

E também as produções e gravadoras de Maria Betânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Cláudio Leite, Roberto Carlos, Chiclete com Banana, entre outros artistas, realizam as mesmas estratégias, tem em média 2 milhões para seus projetos e os ingressos em seus shows variam de 70 a 200 paus, sendo que Roberto Carlos ainda tem os cruzeiros marítimos que custam fortunas e as bandas de axé music vão comendo da mesma forma e ainda cobram por seus abadás, uma espécie de fantasias ingressos por preço astronômico para participar das folias???

Ora, se isto tudo é feito com o dinheiro de impostos do povo, porque não oferecer as possibilidades para que o povo assista estes shows e eventos, que não são de graça, na verdade são ingressos que o povo já pagou, sem nem saber, e porque não têm acesso ??? !!!

E depois vem outros menos avisados a perguntar porque uns artistas somem da "mass mídia" e não gravam discos novos, e não estão em evidência, no cotidiano, não entender tudo isto é cegueira total, poderiam pelo menos ter um olho em terra de cegos.

Grande parte das chamadas duplas sertanejas, possuem fazendas, milhares de cabeças de gado, frigoríficos, restaurantes, e grande esquema de exportação de carnes para o exterior, etc, por si só ou pelos seus "sócios" que utilizam da isenção fiscal de impostos, que deveria ser para o bem de todos de forma coletiva, mas no entanto via "laranjas" que esta lei rouanet permite (não é a toa que foi criada no governo Collor), volta a servir para refinanciar os shows e vira essa coisa maluca o dinheiro volta multiplicado para os mesmos utilizadores com nosso suado imposto que pagamos desde da hora que acordamos à hora que vamos dormir, e até nas horas de sono.

E os projetos artísticos de financiamento de outras grandes empresas brasileiras e bancos e etc, com raríssimas excessões e isenções, também não ficam atrás deste descalabro.


O que está errado é a formatação geral desta lei que deixa ao cargo das empresas investidoras de nossos impostos, a escolha de qual projeto vão aplicar com aquilo que é nosso.

E se a tal Lei é de INCENTIVO A CULTURA fica a pergunta: alguém sabe se essa lei aprova ou já aprovou projetos de cantores ou artistas que além de não serem famosos , não tiveram dinheiro algum ? E que no final deu certo? Eu pelo menos até hoje não vi um caso sequer... mas posso citar centenas de casos de gente que vendeu casa, carro e apostou tudo em sua carreira e obteve retorno.

Pois é.

(Cleiton Profeta - 24/06/2009)

Nenhum comentário:

Postar um comentário